terça-feira, 7 de maio de 2013

Tomai o gene de Édipo e multiplicai-vos. Do verbo fez-se acção


Conta a história da tragédia que Édipo sentindo-se pressionado pelas exigências e regras da sociedade dos homens, tendo reprimido e controlado os seus apetites, desejos e prazeres individuais, mata aquele que se interpunha entre si e o seu objecto de adoração, seu pai Lion, para ficar com a sua mãe Jocasta.

Édipo é condenado a vaguear só, sem rumo, sem finalidade, após furar os seus próprios olhos como castigo.

Num rito de passagem bem-sucedido para a idade adulta, resta-nos amadurecer para nos tornarmos seres capazes de respeitar os demais e viver na aldeia que escolhemos. 
Em paz, justiça e liberdade. Deixamos de querer “comer” a mãe, ou o pai. 
E de lhes obedecer. Finalmente somos autónomos.

Num rito de passagem totalmente subvertido, herdamos o gene edipiano nascido no tempo passado com Afonso Henriques, culminando com o mais actual gene edipiano Merkeliano.
Onde os que têm poder se tornaram cegos para o mundo que os rodeia. Porque não “comeram” a mãe ou o pai.

Neste rito de passagem para a idade adulta, uns, não superaram o complexo de Édipo, ficaram imaturos, deixaram de considerar os outros, não conseguem controlar os impulsos, culminando com o sentimento de dependência da mãe (que pode bem ser hoje a Merkel que sofre do mesmo mal certamente) e buscam apenas satisfazer sem restrições as suas necessidades e prazer.

Ou damos pazadas à mãe por ciúme e fundamos um reino, ou obedecemos cegamente e acabamos a furar os próprios olhos quando percebermos o erro clássico.

Por mim, resta-nos desobedecer, como já dizia Henry Thoreau. 
Da Terra Nova ao Estreito de Magalhães andamos numa obediência desviante da nossa própria natureza.

Esta obediência ao sistema em que entrámos, falido, vazio e transversal à aldeia, vai acabar por nos levar à loucura. Neste sistema onde nos tornam cegos. E, conduzem a aldeia para a solidão, para a completa exclusão.

Reprimirmos a necessidade latente de sermos seres livres, vai-nos trazer amarguras, angústias e depressões semelhantes às que se seguem aos complexos edipianos.

Já não se aguentam mais farsas e encenações, dos meninos e meninas que não concluíram com sucesso o rito de passagem que Freud identificou com o da tragédia grega. Do Norte ao Sul.

Mas também cansados andaram assim os meus irmãos do tempo anterior à revolução francesa antes de cortar a cabeça à rainha, também ela sofrendo certamente do mal de Édipo.

Se me voltam a dizer que os pigs são os porcos e os vilões do retrato, sim, porque de feios não temos nada, acho que deveríamos aplicar o golpe de Édipo para cair o pano sobretudo sobre esta tragédia grega/lusa/macarrónica e de tapas: desobedeçamos e furemos-lhes os olhos a eles.

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