sábado, 29 de junho de 2013

Sem returo?




 
Estamos em tempos de perdas. Em tempos nos quais nos perdemos. Tempos em que todos podemos perder.
De anestesia. Também de sobressalto.
Onde colocamos a angústia? Que fazemos à falta de entusiasmo? Ao desespero que devora? Onde escondemos a vergonha pela falta de respostas? Onde vamos guardar as inúmeras perguntas que não se calam?

Sem re…torno e sem fu…turo ?
Ou será antes de mais, tempo de astúcia, de coragem, de inteligência emocional? De sensibilidade. De humanidade. De utopia. De sonhos.

Tempos difíceis exigem medidas difíceis.
Por isso façamo-nos guardiães e guardiões do pó de estrelas que somos. Do caos pode surgir nova vida. Novas estrelas. Novas partículas. Novo pó brilhante.
Eu, pó da cisão de estrelas, só posso ficar em silêncio. Por tudo.

Porque talvez haja uns que vêm com a missão de nos dar um vislumbre da luz das estrelas. E nós não ouvimos. Nem vemos.

Por coincidência com os piores tempos noutras latitudes, bem no hemisfério onde me encontro, Tata Madiba, uma das maiores figuras da História dos Homens trava, coberto com um manto de dignidade, como nos habituou e ensinou, aquela que talvez seja a sua última e inevitável batalha. Em silêncio. Que nos grita a sua alma. Que nos exprime o que não é exprimível.

Ensina-nos como a não acção é uma acção por si. O silêncio de um homem bom que já nem precisa de palavras para nos falar o que precisamos escutar. Em protesto. Em luta pela dignidade. Em silêncio grita alto pela Paz. Faz a maior caminhada pela liberdade da humanidade. E nem queremos ouvir as suas ultimas palavras.

Vou ficar apenas a escutá-lo. Sem palavras. A tentar perceber que mensagem conseguirei interiorizar vinda da sua voz. Da voz do silêncio.
Vou ficar a aprender. Como poderemos ser melhores. Por uns e por nós e uns pelos outros.
A contestar, pelo que não quero que seja. Pelo que quero que venha a ser. Pela esperança. Porque não quero retorno a lado nenhum que não seja feliz. Porque quero atender apenas ao futuro com brilho.

Também nesta latitude abaixo do Equador, virada para oriente, encontro uma pérola com o coração mergulhado no escuro, ensombrada pelo retorno da angústia e medo por uma nova guerra entre irmãos.

Alguma coisa só me faz sentido se pensar que os homens não fazem nenhum sentido. São poeira perdida.

Estou de costas para o meu país. Para o mundo. Em silêncio. Pela paz. Não atendo chamadas do universo, de nenhuma latitude.
Porque me sai caro. Eu também... estou em roaming.

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