sábado, 22 de fevereiro de 2014

Somos todos Tordos



Na espuma dos nossos dias,

A emigração está na génese da tribo Lusa. Direi melhor, na génese da tribo humana.
Todos sabemos, todos vivemos esta experiência ou temos alguém amigo ou da família que empreendeu esta viagem de descoberta. De descoberta de um mundo novo para além da nossa pouca terra e de pouca gente, fustigada por tantos adventos e pessoas nocivas.
Somos frágeis e vulneráveis como as gazelas à noite no Kruger National Park (do tamanho de Portugal) e somos espertos e sagazes como os leopardos, quando necessitamos de aguçar a arte de caçar.
Fomos na Companhia das Indias Orientais, fomos para o Brasil, para África, para a Europa. Sempre por um desígnio maior. Crescer e desenvolver, sair da miséria ou gamar com style.
Às vezes nem por isso. Mais semelhantes às hienas. Matreiras e velhacas. Como dizia Chico Anísio, este animal ri o dia todo, come a própria merda e tem sexo 1 vez por ano. Ri de quê?
Da inveja de ver os restantes animais terem mais sorte, coragem, engenho, arrojo e falta de medo?
Neste momento já não temos para onde nos virar cá e tomamos uma nova estrada. Equipados com o violão, o canudo, a mochila, o portátil, o ipod e algumas capacidades inactas, bem como as adquiridas.
E as experiências de 900 anos de História dos antepassados e da família directa ou indirecta. Somos todos tordos.
Pais, avós e filhos em sofrimento. A maioria com nome, mas sem ser conhecida. Os conhecidos e desconhecidos que partem é porque têm as qualidades dos leopardos. De ontem e de hoje. Não lançam queixumes, constatam factos.
Quantos tordos (que me desculpem os donos do nome por falar assim mas é com respeito) há por aí que se separaram das famílias, por terem sido prejudicados por estas hienas? Eu sou uma delas. Por várias vezes saí e regressei. Vou ter de o fazer de novo agora que até gostava de ficar aqui,mas não posso. Tenho filho, neta, família, tribo, aqui. Não me queixo, mas responsabilizo com factos, os verdadeiros responsáveis. Como o Tordo.
Quantos há por aí que não podem pagar descontos à Segurança Social porque não recebem para isso? E às vezes nem recebem de todo, por causa de um relação de trabalho inventada a que se chama recibo verde?
E tantas outras.
Desafio o 1º não pecador atirar a 1ª pedra.
Quem roubou o meu país para ele hoje “estar melhor mas não ter as pessoas a viverem bem nele” (frase ministeriável), excepto alguns claro!
Não foram estes que saem ou que ficam e levam uma vida comum e simples e tudo o que querem é ser simples e comuns e dar vida aos filhos e ter vida própria nas suas artes ou engenhos. Os que ficam são igualmente bravos. 
Tal como as gazelas, não saem do seu habitat só porque há predadores à espreita.
Têm que ter o direito de escolher ficar. Como eu tenho o direito e a liberdade de querer partir.
Nunca que esta me seja imposta como única saída para a minha vida.
Quem roubou o meu país tem nome e está ou esteve no governo do meu país. São eles os exemplos que nos projectam a imagem de que gamar coisas pequenas, ou enganar aqui ou ali, ou fugir aos impostos não faz mal. Hoje fujo se puder porque ladrão que rouba a ladrão tem 100 anos de perdão.
Chamem-se os responsáveis pelos roubos no BPN, BPP, Banif, submarinos, PPP´s e tantas outras soluções de engenharia financeira encontradas com as entradas massivas de dinheiros vindas de um qualquer cofre e não do trabalho e, encontramos os afundadores deste meu país.
Às hienas invejosas dos tordos deste meu país digo com carinho, kiss my ass!
Riem-se de quê?

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