quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ser ou não ser racista, eis a questão



Na espuma dos nossos dias,

Estou grata a Shakespeare por o poder usar.
Eriça-se-me a carapinha lisa.

Esta corrente, nascida com a biologia nos finais do século XVIII, mas usada como expressão só no século XX, não é uma teoria científica, mas sim pré-conceitos reunidos sob a forma de opiniões. Já vem da Antiguidade.
Distinguiu o preconceito providenciando-lhe uma identidade. A identidade racial.
Daí Morgan Freeman dizer que “quando se deixar de se falar nesta identidade racial, desaparece o problema”. Verdade.

Este conjunto de opiniões foi usado para justificar a escravidão, usada por Hitler, usada por Marx, usada pelo regime do apartheid, usada pelos árabes contra os negros, usada pelos católicos, usada pelos hindus nas castas, usada pelos judeus contra muçulmanos, só para dar alguns exemplos, visando eliminar pessoas com características exteriores diferentes, incluindo a etnia, a religião, o meio cultural, cor da pele e o meio sócio- económico.

“Não vimos dos macacos mas para lá caminhamos” frase de Gobineau no século XIX que desacreditava Darwin que segundo alguns era racista e promovia a eliminação de raças inferiores por raças superiores. Tenta-me a vontade de adaptar a frase de Gobineau aos nossos dias.

Sinto-me racista. Porque tenho um preconceito contra todo o conjunto de opiniões reunidos para classificar a identidade dos seres humanos em duas classes: os superiores e os inferiores tendo por base a palavra raça inventados por quem quer “dividir para bem reinar”.
Alguém tem dúvidas que é só uma? Escreverei isto até ficar sem falanges nas mãos e começar a escrever com os dedos dos pés se for preciso.

Como disse alguém “entre a educação e o crime organizado só há uma diferença- é que o crime é organizado”!
A única forma de vencer este crime contra a humanidade é pela educação. Casa, família, escola, sociedade, organizem-se, digo eu.
Usem a inteligência para explicar aos vossos filhos e alunos como se tivessem 2 anos, que por baixo da pele, o sistema circulatório, reprodutivo, digestivo, respiratório é igual para os dois géneros humanos.

Sou filha de brancos, pretos, mulatos, indianos e de outros fenótipos mas ainda não regredi para macaco. Sofri na pele essa infâmia de me distinguirem pela cor da pele e o cabelo carapinha (fenótipos). Ultrapassei o assunto porque me foi explicada a NÃO existência de diferenças por debaixo da pele. Depois expliquei isso ao meu filho que sofreu as mesmas discriminações.
Hoje, continuo a observar estas discriminações contra vários fenótipos, etnias, culturas. De uns para outros e no sentido inverso. Fico de entranhas revoltadas por uma razão.

Porque funciona mesmo a arte propagandística de “dividir para bem reinar” usando a estupidez e a ignorância das pessoas (brancas, pretas, indianas, chinesas etc etc). Que usam as diferenças exteriores para repelir uma pessoa ou grupo. Vindos da má-fé, raiva, vingança, rancor, falta de educação ou de formação moral e ética.
Perceberam? Estes sentimentos e emoções são comuns a pretos, brancos, chineses, comunistas, cristãos, judeus, muçulmanos, hindus, ciganos etc. São sentimentos da espécie humana.

Regredirei se não ensinar aos meus filhos e netos que a identidade racial é uma invenção. Que não existe uma “raça” superior a outra. Não existe grupo superior a outro.
E que usar essas diferenças é uma estupidez que nos torna seres bem menos capazes e menos inteligentes que os macacos.

Gosto de bananas como os macacos, mas não sou macaco. Sou humana. Se calhar caminhamos para a extinção como raça isso sim, por não sabermos usar o que nos distingue dos animais. O raciocínio.

Já descemos das árvores, ou evoluímos, segundo as várias teorias, e somos homo sapiens preto, branco, amarelo, arco-íris, com nariz e boca grossa, olhos em bico, e pintas na testa.
Só primamos por sermos diferentes nos meios: culturais, familiares, sociais, económicos e educacionais e que são estes que provocam as diferenças e acicatam os ódios na nossa comum e única espécie.
Simples.
Incluindo as “belly dancers”, acrobatas e bailarinos.

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