sábado, 30 de agosto de 2014

Vida inteligente aqui?

Alliens se andam à procura de vida inteligente “read my lips”: procurem noutro planeta!


O cientista Stefhen Hawking disse numa entrevista que tem pavor de uma invasão allien.
Quem sabe já “andem” aí. Talvez sejamos um “reality show” para eles. Basta olhar para a nossa AR e governo, alguns chernes na Europa, EUA e mundo em geral. Os nossos donos!
Através do ar sem inteligência, do que dizem e fazem alguns, só podem pertencer à classe inferior dos que SH se refere. Digo eu que sou um bocadinho astrofísica por equivalência.

Mas vem daí Neil deGrasse Tysson´s e explica-nos que a razão está do lado de SH.
Os alliens (ou nós somos os alliens sem inteligência e eles os humanos.
Bem…posso até nem ter tomado a medicação!)

observam-nos como nós observamos vermes. Nós achamos que os vermes não têm inteligência.
Vai daí, nós, chegados a esta conclusão, pisamos os bichos e zás. Acabamos-lhes com a vida.

É exactamente a mesma conclusão a que chegam os alliens, inteligências avançadas do universo das estrelas e planetas, e, para lá delas, quando andam nos seus passeios higiénicos à volta da terra, para fumar um charro e, depois de algumas horas de observação aos comportamentos dos humanos decidirem:
Ná…aqui não há vida inteligente.
Vai daí pisam os bichos e zás. Acabam-nos com a vida.
É até uma caridade interromper-nos as angústias.
E somos irradicados.

Desde já o meu sentido adeus terra linda caso eu seja levada de repente, por eles, para estudos. Desculpa planeta meu, não ter sido inteligente para te deixar inteirinho e perfeitinho como vieste ao mundo.

Desafio e nomeio Neil Tyssons´s e Stefhen Hawking para me representarem nas conversações com os alliens caso eles decidam poupar cromos. Estes não desperdiçam recursos preciosos.
Para saberem quem são os falsos inteligentes, aos alliens, deixo uma dica:

just google it!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Há racismo!

Pois há. Milhões de portugueses são racistas. E outros milhões não são. Outros tantos são encapotados. Dizem as minhas estatísticas.
Os que são racistas julgam-se herdeiros de um sangue puro e real qualquer deixado por Viriato, Julius Caesar ou por Iacub-el Mansur. Ou de um outro ariano qualquer…

Os que não são, são as misturas de todos estes grupos, são os educados e bem formados e, sabem que existem na nossa única raça, grupos diferentes, cores distintas, costumes diferentes, culturas diversas, línguas várias, cores feitios e formas para todos os gostos e por isso é sinal de estupidez distinguirmos pessoas pelas suas diferentes características físicas.

Mas há racismo, sempre houve, encapotado ou directo.
De brancos contra pretos. De pretos contra brancos. De brancos contra ciganos. De pretos contra pretos. E por aí vai.

Sou contra qualquer manifestação de racismo seja contra que grupo for, mas sou também contra o politicamente correcto da condescendência pobrezinha de sermos uns gajos porreiros, e, não arriscarmos o pescoço pelo que acreditamos e não podemos dizer mal dos pretos ou dos brancos. Não por causa das características físicas, mas pela estupidez humana que neles se manifesta.
Condescendentes para com determinados grupos só porque são de “cor”, ou ciganos, ou de leste, ou brasileiros ou outros. Quando nestes grupos todos há gente estúpida, rude, mal formada, ignorante e mal-educada. E há os que não são nada disto em várias cores.

Nesta minha Ítaca que é o meu Portugal, anda-se a simular que não há racismo ou que não se deve tocar nas coisas chamando-lhe os nomes, para não ferir sensibilidades.
Mas há e precisamos falar do assunto! Educando para as diferenças.
E para a igualdade de oportunidades para todos. Sem distinção. Tal como na guerra do feminismo. Tal como na guerra dos direitos da criança. Tal como na violência sobre as mulheres. E por aí vai…

No meu outro Continente em África, existem todas as cores de pele, formas e feitios, Línguas e diversidade cultural como não existe em mais lado nenhum do planeta.
Vamos lá falar do assunto e ver a raíz do mal. Educação. Ou a falta dela claro.

Na minha outra terra em África, vi muitas velhas pretas a dar um bom par de tabefes aos netos e filhos, que desde que entram na idade em que lhes crescem pêlos nas axilas e na púbis começam a achar que são as Gingas e os Shakas do bairro. E também vi velhas e mães brancas a fazer igual aos seus filhos.

E nesta idade do armário, onde apetece fechá-los e só reabrir os ditos aos 25 anos, já adultos e conscientes, as hormonas têm que ser domadas, eles ensinados, disciplinados e se preciso for ficar de castigo no armário. Até aprenderem a respeitar quem quer que se lhes cruze na frente. Gostava que este velho hábito das velhas voltasse!
Os pais por todo o lado demitiram-se de dar um par de tabefes aos filhos. De educar. De falar com eles. De dizer não. De ensinar regras sociais. Estão a formar pequenos sociopatas. De cores indistintas.
E as escolas demitem-se e falham na tarefa de ensinar.

Eu tenho um filho de cor. Outro de cor branca. Outro de cor preta. Outro de cor castanha cajú. E outro de cor amarela. De todas as cores do arco-íris.
Os meus filhos levariam um valente estaladão e castigo de 15 dias dentro de um armário se fossem a um “meet” ou a um arrastão tanto faz, porque a diversidade de línguas é uma riqueza para a Humanidade, tal como a sua diversidade de cores, e, fossem assustar as pessoas, provocar desacatos, roubar, ou ferir. Ou não respeitar as autoridades.

E se viesse alguém racista provocá-los para que se comportassem sem decência e desta maneira lhes fossem imputadas culpas pela desordem, e, eles não tivessem o bom senso de ficar quietos, sem resposta, obrigava-os a estar a limpar as latrinas públicas dos festivais durante um verão inteiro.

Mas isso sou eu, que sou uma mãe fruto de uma boa Educação e de uma boa Escola. Sabemos qual a raíz do mal. A educação. Sem cor.

É verdade que o racismo contra os pretos existe. E muita discriminação tem sido feita. Há desigualdade de oportunidades. Há desigualdade enormes.
Se um preto e um branco crescerem na Musgueira terão ambos, menos oportunidades que um branco ou um preto de um bairro melhor, de chegar a uma boa escola e desenvolverem as suas potencialidades. E há tanto ainda para ser discutido e não se fala.
Porque a pobreza e a carência criadas pelos homens são a verdadeira guerra.
E nós por condescendência calamos. Por paternalismo. Por medo. Porque somos uns merdosos medrosos com estas questões.

Interessa acicatar ódios. Interessa querer manter o estado de divisão. A ignorância. De demissão paterna. De demissão escolar. De demissão da sociedade. A pobreza que gera violência.
Quem manda nisto agradece. E até se riem enquanto nós esgrimimos culpas aos miúdos por nos termos descontrolado na inexistente educação que lhes proporcionamos.

Por isso pais, educadores, professores continuem a vossa missão de destruir os vossos filhos e não lhes ensinar as regras básicas do respeito, da liberdade com responsabilidade e outras coisas que nesta altura deste campeonato eu já não deveria andar a gritar.

Porque já senti o racismo na pele e vejo-o acontecer nos dias de hoje. E não pensei ter de vir de novo erguer essa bandeira. A da educação dos nossos filhos. Para que novos arrastões de gangs de meia dúzia de jovens mal-educados e estúpidos com muita testosterona aos pulos, fiquem no passado.

Aos meus filhos das cores do arco-íris vou continuar a ajudar a desenvolver o pensamento crítico, a desobediência ao que for injusto para a raça (humana), a juntarem-se em “meets” de luta por causas, de forma urbana, respeitosa e sem distúrbios.
Repito-me, o mundo está um lugar inóspito e a História mostra que somos uns selvagens e repetimos as asneiras.

Pretos, brancos e outros quejandos não se esqueçam, quem precisa manter o ódio quer-vos divididos, pobres e violentos.

A escolha é vossa. “Eles” têm poder no ódio. Na pobreza. Mas vocês mandam nas escolhas das vossas vidas. Não lhes deem poder. Saiam do ciclo de violência. Se os vossos pais e avós não vos deram uns estalos, aprendam como autodidactas e cumpram-se como seres humanos.
Ou a mãe natureza sacudir-nos-á rapidamente por sermos uma bactéria malina.


Lá vou eu mais uma vez levantar poeira. Como diria uma baiana de gema, “tirem o pé do chão” e comecem a falar das causas do racismo. Sem condescendência. 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A nossa guerra

"Estamos numa guerra contra a carência e essa guerra só poderá acabar quando derrotarmos por completo o nosso inimigo que nela nos coloca"
..."só se deve desejar a alguém que se cumpra: e o cumprir-se inclui a desgraça e a sua superação"
Professor Agostinho da Silva.

Eu travo a minha guerra,
nesta prisão monstruosa,
nas asas da minha imaginação instável,
escapando-me pela escrita.
Será suficiente este sentir com esta arma ?
É o meu caminho
para me cumprir
no encontro com a sobrevivência,
através do poderoso poder da linguagem
para alterar o curso da guerra
com a utopia da liberdade no horizonte
Num parto de risco
onde neste hospital de campanha
cada um de nós se torna
uma parteira indispensável e insubstituível
Que cumpra o seu papel individual
Até o cair do pano
da nossa guerra colectiva

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Brandos costumes


Nesta manta de retalhos em construção que sou, porque sou os outros, porque sou quem sou quando me aprendo nos outros, quando os outros me dão novas perspectivas sobre tudo o que existe e tudo o que é, eu sou, nós somos, um só, em construção. Queria eu, longe da barbárie.

Somos todos espaços vazios, derivados da palavra latina vaccare que origina a palavra férias. Ausente de algo, ou nos dias actuais, livres de alguma coisa a que vulgarmente chamamos trabalho.
Trabalho esse que deriva da palavra tripalium do latim, uma técnica com três paus no chão, usada para fazer sofrer condenados (empalar era um dos usos e costumes).
Uma das invenções da raça humana antes de sermos melhores que os selvagens. Por razões de tradução a palavra labor, seu sinónimo, foi preferida a tripalium e, de uma técnica de sofrimento, chegamos ao período de trabalho escravo actual, com outro grau de sofrimento, agora com direito a férias.

Somos seres vaccantes, na minha opinião que nada vale, vazios por ainda andarmos no tempo selvagem, porém erectus, a deixar que uns quantos iguais a nós nos condenem ao tripalium/empalamento moderno.
Por essa razão não trabalho, nem gosto. Nem vou de férias.

Apenas me ausento. Deixo-me como um vaso vazio. Vaccante para poder ser preenchido com ideias. Com novas perspectivas. E aprender. Faço da vida as férias que o espírito precisa. Se acreditarmos na ideia de espírito, alma e corpo. Como estou de férias para ideias, aproveito o tempo onde o relógio do trabalho não se imiscui onde penso, leio, discuto e as entendo.
Muito aprendo neste trabalho de estar de férias com amigos que no mesmo modo que eu sabem que a vida não serve para que o tripalium nos condene.  Apesar de não conseguir ficar vacante de emoções e sentimentos por causa dos empalamentos a que estamos sujeitos. Nem por razões de sobrevivência da espécie.

Num país com governantes democratas à força e que nos enviam para a forca, estamos todos vaccantes.
Vazios de força anímica para fazer vagar o poder das maleitas que o sangram.

Só temos costumes brandos para os deixar ditar regras.
Costumes brandos “my ass”!!
Como diria o Laurodérmio! Mantemos os piores do reino.
O brando costume da violência doméstica onde a morte espreita e visita com mais frequência do que alguma vez pensei ver.
O costume brando de mantermos a corrupção, o compadrio, o conflito de interesses, o obscurantismo, o poder nas mãos de fajutos.
Ou de gente feita numa fábrica de contrafacção.

Gostamos de empalamentos é esta a minha tristeza. Até preferimos o tripalium a qualquer custo por contraposição ao sermos seres vaccantes.
No entanto a vida só nos serve enquanto aprendizes da ausência. Para nos formarmos.

Andamos no trilho errado como civilização. Bastam-me uns dias afastada de notícias a sonhar com a correcção da rota e eis que continua tudo na maior transgressão. Como colectivo. A trair-nos a nós próprios.
A trair os direitos humanos que são humanos porque abrangem a diversidade contida na e inerente à espécie.
Os lobos maus a fingirem-se cordeiros e a comerem os capuchinhos vermelhos.

Porque não me banho nas águas frias a Norte do Equador, fico-me pelo sol das montanhas, vacante e a aprender. Enquanto me gela o sangue com a violência que leio. Em banhos de gelo.

Vou continuar a defender o bom nome e a honra dos princípios e valores que são os únicos que nos devem guiar, ao contrário de gente que pensa em defender o que não tem, teve ou terá e que são esses mesmos valores. Os do Humanismo.

Ninguém nasceu para se submeter ao poder de uns, que se julgam escolhidos para tiranizar e submeter outros iguais.

Contra a minha vontade pacífica, como estamos de regresso à barbárie, já que ainda tenho que vir gritar sobre estes recuos da humanidade, se alguém tiver de ser empalado, posso dar os nomes e moradas e desde já digo que estou vaccante para lhes colocar o tripalium.


Desejo boas férias e desejo que a vontade de voltar ao trabalho seja apenas uma: a de desobedecer a todas as ordens de empalamento até que voltemos ao eixo onde o Homem conheça o Renascimento.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Buongiorno principessa! A vida é bela!

Este filme ensina-me tudo sobre a vida. Quando preciso de lhe relembrar o sentido, revejo-o. É o meu guru.
Como nunca estes tempos pedem-no. As nossas vidas pessimistas e com falta de esperança exigem-no.
Mudamos muito nestes últimos anos, sobretudo nos últimos 100 anos. Mas ainda estamos no paleolítico no que respeita à vida emocional. Que nos leva a um mau relacionamento com a vida. Connosco e com os outros. Com a nossa e com a dos outros.
E a intolerância pode vir a dar cabo da espécie.
Porquê? A vida é bela!
Este filme ensina as lições mais importantes para quem se entrega à vida. Para quem não quer por ela passar apenas por distracção. Por luxúria ou displicência. Ou “dandysmo”. Superficial e leviana. Ou por interesse em apenas receber.
Quem quer crescer na vida sabe que tem apenas duas opções e aprende-as neste filme: Ser forte ou ser forte.
E novamente duas opções para não se deixar dominar pelas atrocidades que a vida nos oferece em bandeja mascarada de prata: virar a bandeja e ver sob outra perspectiva. Ou virar a bandeja e ver sob outra perspectiva.
E ainda a mais importante, a opção de aprender a transformar o lado negativo em oportunidade para ser melhor e, dar a outra pessoa a possibilidade de o ser também. Aqui reside a capacidade de ser um ser humano superior.
Reaprendo ainda que o que hoje é aparente estado de graça, amanhã troca de posição e os actores mudam também os papéis. Nada é permanente.
Reaprendo também que todos usamos o mesmo trono numa casa de banho e para os mesmos efeitos. Ninguém tem o rabo num lugar diferente que não seja o já conhecido, agarrado à bacia.
Porque hoje a hostilidade tem mais peso que as coisas boas, partilho a força e a “anima” que vêm destas cenas. Para nos relembrarmos de tudo o que é importante.
O tempo não existe e a prova é que em apenas poucos minutos reaprendo tudo sobre a vida.
A vida é tão bela e tão simples. Lágrimas e gargalhadas colam-me a este filme de vida, por serem a única relação promiscuamente perfeita que conheço.
Como deveríamos ser nós com a vida.
Para podermos dizer no final "abbiamo vinto"!
Buongiorno principessa! La bella principessa, la vita!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A morte é nossa companheira


E a escrita a minha cúmplice para aliviar as perdas. Cada um usa os clichés mais próximos da memória, para que a sua vulnerabilidade perante a morte não se torne tão vulnerável.
Aqui deponho a minha vulnerabilidade perante a insondável morte que me leva quem eu tenho amor. Quem eu gosto de cuidar e nutrir e de saber que está ali. À mão de semear e colher. Uma conversa, um sorriso, um agradecimento, um cumprimento. Um olhar, um abraço. Ou um arco-íris de prazeres simples.
No mundo escuro e profundo dos oceanos, os mergulhadores protegem-se com os seus fatos e avançam na corrente rumo ao desconhecido. De milhões de mistérios. 
Isso é também a vida. O livro em branco. Do desconhecido. Ou deveria ser, a partir do momento do nascimento. Um livro que nos revela um mundo sem respostas. Para levantar muitas questões.
Os maiores mistérios são o nascimento e a morte. Os que nos trazem as maiores vulnerabilidades. Quem nunca se sentiu pequeno face ao milagre misterioso do nascimento de um ser? Vulnerável e sem saber como fazer deste momento para a frente? 
Quem não se sentiu vulnerável, frágil e sem direcção, à beira do precipício quando tem pela frente o maior mistério da vida, a morte? Da perda de alguém? 
Perda? Ganho?
É este paradoxo que a vida exige de nós. Procurar o equilíbrio no fio da navalha que nos oferece. Calcular o risco e o plano para nela caminharmos rumo ao desconhecido. Os grandes mistérios com que nos deparamos. 
O corpo é a matéria densa que um dia se desapega e nasce num outro campo desconhecido. E para este mistério resta-nos a força e a segurança da condução do espírito que habita dentro de nós, leve, e, sabedor das nossas forças.
Dentro do útero o mundo é escuro e nada nos revela o quê, e, se existe exterior. 
Saímos deste mundo, de mergulho, na luz. Mas talvez aqui resida a primeira lição da nossa entrega na vida. Deixarmos a porta aberta em forma de rendição para o mergulho no mundo escuro, que está para lá do que vimos conhecer.
A vida é “ terra incógnita” e apenas tem uma estrada. Perder-mo-nos nela, submetermos-lhe a bandeira branca da rendição, da entrega, é a via para nela encontrarmos senão respostas, pelo menos sentido. No mergulho no desconhecido. Não com medo de perdermos, mas a nela nos perdermos. 
Na morte oferecer resistência talvez seja anti natural. Como no nascimento. 
Quando este desconhecido chega e abre a sua porta, aprendemos a maior transformação a que estamos sujeitos na vida, como quando nascemos. 
Quando a morte chega ficamos a perder?!
Talvez quando aprendermos a nos desapegarmos de pessoas, objectos, situações, experiências, oportunidades, saberemos que o desconhecido nos traz riqueza nas perdas. Mesmo quando perdemos tudo. 
Que sei hoje mais do que ontem?
Não sei. Talvez nada.
Mas vou continuar a não resistir. A deixar guiar-me pelo desconhecido. 
A na vida me perder. A nela me abandonar para nela poder encontrar as minhas riquezas. Vindas das suas profundezas. Em forma de gente que ganho. De experiências que me enriquecem. Em forma de oportunidades que me trazem maior consciência. Mais conhecimento.
Até ao dia em que me encontrar com o desconhecido que me levará de novo a mergulhar no nascer. E a me encontrar com aqueles que ganhei. Porque hoje apenas sei que de nenhum me vou perder.




Testes de stress,

Andamos a enfrentá-los diariamente. Sem soluções criativas para deles sair. Nem resgates à vista.
Assistimos impotentes ao milagre da Ressurreição do Santo Espírito no verão. Este que também nos anda a enganar fingindo-se verão.
Há “famiglias” protegidas pelo ES, pela Madonna, pelo dinheiro dos outros. Essa invenção genial. O dinheiro que deu a carta de alforria aos escravos para que estes ficassem presos eternamente.
No stress da falta de liberdade com a bênção do Sancte Spíritus e dos seus criativos inventores na terra. Alguns até são afilhados e recebem o nome. As regras do jogo são simples:
-se houver dívidas, mascara-se a operação e pagam todos. Se lucros houver mascaram-se as contas e retiram-se os dividendos para longe de maus espíritos: nós.
Paguemos o dízimo enquanto não ressuscitamos da morte anunciada por este sistema indigno, violento e corrupto.
Se alguém espera um resgate das nossas vidas esperemos sentados num banco de jardim, feito de pedra, daqueles que não tem vida para roubar.
Se não a mudarmos nós e lhes tirarmos o poder que ele tem. A isso se chama resgate. Ao deles chama-se roubo.
Quem toma estas decisões já nem se preocupa em mascarar a falsa democracia: decreta leis, aliena os direitos dos cidadãos, ri-se enquanto se banha num mar off shore sem mosquitos, ou numa banheira comprada ao Walt Disney.
Com o dinheiro dos pobrezinhos que vive num big brother orientado por apresentadores bem comprados.

E não há ninguém demasiado santo para ir preso por crimes contra os cidadãos que constituem um Estado.
Pergunta para queijo: 
Porque queremos continuar a ser os únicos a passar negativamente os testes de stress?
Porque a dona Inércia que habita as nossas cabeças continua a ser o nosso santo espírito.

sábado, 2 de agosto de 2014

Mini conto- Linhas tangentes

Apanhou-a de surpresa. Quando olhou os seus olhos de um azul profundo como o oceano largo, o seu coração ficou suspenso.
O dia aproximava-se do final. Entraram pela noite numa animada conversa rodeados de pessoas. Mas olhavam-se sem receio e absorviam-se.
A sua alegria era contagiante, o sorriso sem receio de se dar. A conversa fluía como se se conhecessem fazia anos. De repente tinha tudo. Em poucos minutos de troca de palavras, mas sobretudo quando falavam com os olhos. A noite voou. Não trocaram contactos. Deixaram que o destino os guiasse.
Por uma feliz coincidência reencontraram-se numa rua. Era improvável aquele encontro, por isso o atribuíram ao destino. Não se tinham esquecido do outro depois daquela noite feliz. O tempo passou de novo a voar. Falaram muito. Em particular com os olhos.
Voltaram-se a encontrar para doces encontros na praia. Onde ficavam sentados na areia. Ou a passear de mãos dadas com a água. De dedos entrelaçados. Às vezes próximos demais como para se ouvirem atentamente.
Sobretudo ela ouvia-o. Ele adorava contar histórias e tinha vivido muitas. Dizia que também gostava de escrever. Ela ria-se muito com as estórias e dizia-lhe que não podia esperar até as ler escritas. E ele feliz com tão boa ouvinte falava. «és uma pessoa… interessante» é o melhor adjectivo que encontro para te definir. Não parece mas é uma palavra grande. É o superlativo de alguém que é tudo». Riram-se ambos.
O tempo sempre que estavam juntos corria com pressa. Contrária à pressa que eles não tinham.
«Sou um homem de paixões fortes» anunciou-lhe ele.
Mas não eram livres. Havia tanto que os prendia. Deixaram que o destino tomasse conta das suas vidas. Ele partiu, ela partiu. Para outras viagens. Despediram-se com dor no olhar e no coração. Ainda se tentaram falar, mas o destino, senhor da situação recusou-lhes um último riso.
Quis ele, esse companheiro da vida, o destino, que se reencontrassem inesperadamente quando já nada fazia prever que as suas vidas se tocassem. Ansiavam o momento de se reverem.
Nesse dia o beijo que trocaram falou por eles. Nele se deixaram desnudar. Foi o primeiro, o único, o último.
O tempo passou por eles cheio de pressa. Eles não tinham nenhuma. Pediram-lhe que parasse. Ele assim não quis. Eles seguiram-no. Do tempo não recebiam piedade.
Tudo o que ele fazia era dar-lhes momentos. De conversas longas, com os dedos entrelaçados, sentados num banco de jardim. O jardim não os conhecia e para eles aquele lugar desconhecido era o paraíso.
Aproveitavam o que sentiam ser o momento que não se repetiria. Apenas os olhos repetiam o que não era dito. Numa única vez palavras escaparam «és um ser quase alienígena, especial para mim».
Despediram-se de novo. Nunca mais se encontraram. Falaram mas não disseram o que calavam. Convidaram-se a manter-se em contacto «sei que nunca nos perderemos, o contacto perdurará», afirmou ele.
Ela como sempre ouvia. A vida com os seus planos não se compadecia com as vontades dos estranhos, que queriam por ela ser acolhidos. As regras pertenciam à vida.
As escolhas…ah as escolhas… Nunca sabemos de quem são as escolhas. Se vêm da vontade, se do destino. Se das bifurcações dos caminhos que abrimos na breve passagem.
O tempo corria sem piedade.
Naquele dia cinzento, a tarde caía, quando as palavras estoiraram como uma tempestade tropical, brutal, repentina, avassaladora:
-O coração dele repentinamente tinha parado.
Os dois tinham sido duas linhas tangentes que se encontraram uma vez e agora se separavam para sempre.
Tinha que acreditar nas palavras dele, ditas num dia já distante «sei que o contacto perdurará, nunca nos perderemos»...”Nascemos para morrermos e morremos para nascermos de novo”.

Sabia isto, mas foi tomada pela surpresa. O coração dela ficou suspenso.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Quo Vadis mundo

Quo Vadis mundo
sem pontuação,
organizai-vos!
Num parágrafo qualquer,

Caminho descalça
Perco a organização desta brincadeira
estúpida e desconexa a que chamamos mundo,
Não consigo encontrar-lhe pontuação
O texto que leio está do avesso, desorganizado,
Não lhe consigo colocar um ponto e vírgula,
nem quando preciso de intervalos
para respirar antes de continuar a nadar.
Apenas lhe encontro longos parágrafos
sem vírgulas nem pontos.

Vejo-o só com parágrafos de frente para trás
Que me deixam a exclamar e a questionar
Onde se encontra o sentido?!
Nesta longa corrente de loucura,
de frases sem nexo
Até ao ponto final que se aproxima,
Até ao gelo final da existência
De frases conexas.

Enquanto ando sobre reticências
e me sento em acentos que se fazem circunflexos
com o peso da desorganização,
da humanidade geneticamente modificada
sem acordo na pontuação,
num largo acordo de prostituição
entre os chulos do planeta,
vou tentar continuar descalça,
sentada junto de uma planta
com raízes morfológicas de pontos nos is
a sonhar com as curvas acentuadas de um til
que me dê dois pontos para algo
que me faça acreditar
no que já foi e o que poderá ainda ser,
se o texto que andamos a escrever
não tivesse ficado sem cadência ao ver
separar sujeito e verbo dum complemento directo.

Comemos o fruto da embriaguez
dos travessões que separam.
Quem sabe se os esforços de quem se preocupa
daqueles que fazem do amor de viver
bem maior que o medo de perder,
serão os sóbrios que irão encontrar  
As pontes da pontuação
que o texto do mundo vai equilibrar
antes do final e

sem de aspas precisar.

Pintura de Sidney Cerqueira